Lugar de preto? A política de remoções das favelas e a representação do negro no longa-metragem Cidade de Deus

 
Baseado no romance de Paulo Lins, Cidade de Deus foi a primeira grande produção audiovisual com a temática voltada para contextos de pobreza e violência urbana. Ao tratar a favela como um espaço de produção de subjetividade, o longa-metragem ganhou o reconhecimento do público e da crítica, chegando a ser nomeado a quatro estatuetas do Oscar (direção, roteiro adaptado, montagem e fotografia).A trama também serviu de impulso para outras produções como Cidade dos Homens (2002-2005, Globo) e Carandiru - Outras Histórias (2005, Globo). Exibidos pela Rede Globo os programas tinham como objetivo tratar da temática das periferias urbanas brasileiras, sendo protagonizados majoritariamente por pessoas negras (SANTOS et al.,2016).

O filme mostra, a partir da narração e evolução do personagem Buscapé, as décadas de 60, 70 e 80 na Cidade de Deus. Período de extrema mudança não apenas na cidade do Rio de Janeiro, que deixou de ser a capital do país no início da década de 60, mas também no país, com a Ditadura Militar.

Além das inúmeras interferências na vida social, política, econômica e cultural na sociedade brasileira, no contexto ditatorial, foi implementada uma política sistemática de erradicação das favelas, garantida por uma repressão nunca vista antes

A cidade de Deus

 


“ A gente chegou na Cidade de Deus com a esperança de encontrar o paraíso. Um monte de famílias tinha ficado sem casa, por causa das enchentes e alguns incêndios criminosos em algumas favelas. A rapaziada do governo não brincava “não tem onde morar? Manda pra Cidade de Deus!”. Lá não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus. Mas pro governo e pros ricos, não importava o nosso problema, como eu disse, a cidade de Deus fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro.” (CIDADE DE DEUS, Cena de apresentação da Cidade de Deus)


Como capital do Brasil entre 1763 a 1960, a cidade do Rio de Janeiro sofreu um acentuado crescimento populacional, que aconteceu principalmente pela imigração de famílias de todas as partes do Brasil, em busca de empregos e melhores condições de vida. Porém, como as Instituições responsáveis da época, não foram capazes de adotar na cidade a infraestrutura necessária para absorver esse grande fluxo populacional,houve ocupação “irregular”, principalmente nas encostas e nas áreas não habitadas ao longo das margens dos rios e dos corredores de transportes coletivos.

Milhares de sub-habitações foram construídas, e se transformaram em aglomerados urbanos, sem a mínima condição de saneamento básico e serviços urbano, as favelas. E assim, o “problema-favela” se instaurou, mobilizado pela classe média e a mídia, como mostra o editorial do Jornal Brasil, sobre as favelas, que cobra ação do Estado após as chuvas de 1966:

No ponto em que chegamos, não há no Rio qualquer outro problema que apresentetanta urgência em ser resolvido quanto as favelas (…). A extinção das favelas justifica a paralisação de todos os programas de embelezamento urbanístico da cidade, pois não há melhor forma de ressaltar o esforço de melhoria da Guanabara do que a eliminação do contraste brutal e injusto das favelas com o perfil dos edifícios e a linha da paisagem favorecida.(JORNAL DO BRASIL, 1966)

Entre 1950 e 1960, o número de habitantes das favelas praticamente dobrou, passando de cerca de 170 mil para 335 mil moradores (RIBEIRO; LAGO, 1991), e em agosto de 1964 (Lei 4380 21/08/194), o governo militar recém instaurado criou o Banco Nacional de Habitação (BNH), órgão financiador e responsável por programas habitacionais. Inicialmente sem fontes de recursos, a atuação do banco ganhou força em 1967, quando passou a contar com recursos oriundos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço),o que ampliou consideravelmente o capital disponível (LANGSTEN, 1973, p.16).

Porém, o ideal remocionista toma forma a partir de 1968, com a criação da CHISAM (Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana), que assim como o BNH, era vinculada ao Ministério do Interior, com a autarquia assumindo o controle direto de vários órgãos do governo do estado da Guanabara. A criação da autarquia assegurava que a política para as favelas na Guanabara e na região metropolitana, no Estado do Rio, ficaria sob controle do governo federal (BRUM, 2013).

Os objetivos da CHISAM nunca giraram em torno da urbanização das favelas, que, na verdade, foi fortemente criticada pela autarquia, mas sim no que acreditavam ser a recuperação e integração moral, econômica e social das famílias faveladas. Gilberto Coufal, primeiro coordenador da CHISAM, aponta estudos coordenados por sociólogos e assistentes sociais como base da não possibilidade de urbanização:

Chegou-se à conclusão de que o sistema a urbanização da favela não era psicologicamente favorável, pois os favelados continuavam pensando, agindo e vivendo como favelados. Então, o filho daquele homem que morava na favela, vai crescer mentalmente um favelado. (JORNAL DO BRASIL, 1971)

Isso mostra, que para que houvesse a legitimação das remoções, o estigma de favelado deveria ser ampliado ao máximo. A verdade é que desde o surgimento das favelas houve um permanente desejo por parte de setores da sociedade em extingui-la. Foi por vezes tolerada pelo Estado, chegando até mesmo a receber obras pontuais de urbanização (Fundação Leão XIII, Cruzada São Sebastião, SERPFHA...). Porém, como ressalta Brum (2013) com a criação da CHISAM houve uma mudança de qualidade significativa na postura do Estado diante das favelas, em que o sentido foi de eliminá-las da paisagem urbana.

Vale ressaltar ainda, que na época um forte argumento da CHISAM era que os favelados não faziam parte da área em que estavam morando, não eram integrados a aquele local - ignorando que a maioria desses moradores trabalhavam como domésticas e porteiros na região, ou seja, faziam parte daquele local. E que sua mudança para conjuntos habitacionais os ajudariam a estar mais próximo de seus empregos, mesmo que tal informação já não fosse mais válida há cerca de 20 anos, pelos dados do Censo das Favelas, que mostrava que 58,44% dos favelados da Zona Norte trabalhavam na própria zona onde moravam; e na Zona Sul, este percentual aumentava para 78,53% (apud PREFEITURA DO DISTRITO - Ano XVI - nº 29 - 2013 FEDERAL, 1949, p.18)

Não podemos negar também todos os discursos que cercam o surgimento e a finalidade da criação da Cidade de Deus. Mauro Magalhães, líder do governo Carlos Lacerda na Assembleia Legislativa na época do então Estado da Guanabara, afirmou que o conjunto habitacional, deixado por Lacerda em fase final de construção, não era destinado a abrigar população favelada. Essa teria sido contemplada com as vilas Kennedy, Aliança, Esperança e demais outras, sendo a Cidade de Deus construída com o propósito de abrigar os funcionários públicos da antiga cidade-estado (O GLOBO, 2014, Online). Mas que após as fortes chuvas de 1966, o conjunto habitacional, ainda não concluído, teria sido invadido por pessoas de diferentes favelas inundadas no antigo Estado da Guanabara. Porém, é impossível negar a precariedade na infraestrutura da CDD na época, que foi construída pela COHAB e financiada pelo BNH.

A CHISAM teve seu fim decretado em 1973, antes mesmo da data estipulada para remover todas as favelas, que seria em janeiro de 1976. E em um balanço final, o que se pode observar foi quea maior parte das favelas e aproximadamente 60% dos barracos demolidos pela CHISAM para a remoção se localizavam na Zona Sul (POTENGY, 1973). Em 1969, no documento Rio: Operação Favela, o Governo da Guanabara anunciava que até o fim do mandato de Negrão de Lima, em março de 1971, “pelo menos 250 mil moradores de diversas favelas cariocas, incluindo praticamente todas as da Zona Sul, passarão a morar em habitações de pedra e cal.” (GOVERNO DA GUANABARA, 1969, p. 48). Assim, na década de 1970, após o êxtase remocionista levado a cabo pela CHISAM, a região que continha mais favelas passou a ser a que compreendia os bairros da Leopoldina como, por exemplo, Ramos, Olaria, Bonsucesso e adjacências; não sendo mais a área da Lagoa a ocupar essa posição (BRUM, 2013).

Porém, a democracia chegou e os moradores das favelas do Rio de Janeiro não se viram longe de projetos remocionistas. Em 2004, após confrontos na Rocinha durante a semana santa, o jornal O Globo, em seu editorial de Opinião (em 14/04/2004), apresentou uma série de medidas para combate a violência, como, por exemplo: “A ocupação do solo nas grandes cidades também deve ser revista, e a localização de algumas favelas, repensada”. E ainda mais pretensioso foi o editorial do Jornal do Brasil (em 17/04/2004), com o título “Favelas: Agenda Maldita”; após dizer mais uma vez que Carlos Lacerda foi o último político a enfrentar a questão da favela, o editorial afirma como uma das medidas a serem tomadas para resolver a questão da segurança: “Não há mais como fugir de um programa sério de longo prazo que passe pela remoção da favela”. Já em 2010, quando a cidade do Rio se preparava para os Jogos Olímpicos, o tema remoção novamente apareceu quando o então prefeito do Rio, Eduardo Paes, lançou um plano para remover 119 favelas. Entretanto, os argumentos usados para legitimar a prática foram outros como, por exemplo, “estarem em locais de risco de deslizamento ou inundação, de proteção ambiental ou destinados a logradouros públicos”.

O mais recente projeto de remoção aconteceu em 2016, às vésperas das Olimpíadas, quando mais de 700 famílias da Vila Autódromo foram removidas do entorno da Cidade Olímpica, em uma espécie de higienização social. (ECODEBATE, 2016, online) O processo de gentrificação na cidade do Rio de Janeiro é percebido com clareza, e o fantasma da remoção, mesmo ganhando novos rostos e argumentos, está sempre presente.

A representação do negro em Cidade de Deus

“A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.” (Manifesto da Antropofagia Periférica)

Como já dito anteriormente, o filme Cidade de Deus é uma adaptação do romance de Paulo Lins, de 1997. O que torna a obra, duplamente importante. Paulo Lins é negro, filho de baianos, e foi morador da Cidade de Deus. Porém, hoje, quando falamos em literatura brasileira, falamos que nossos autores são, em sua maioria, homens, brancos, moradores dos grandes centros urbanos e de classe média – e é de dentro dessa perspectiva social que nascem suas personagens, e que são construídas suas representações (DALCASTAGNÈ, p.19). Quando nossos autores são tão homogêneos, nossa obra, na maioria das vezes, também é. E quando se fala do outro (mulheres, negros, gays, índios, etc.) a representação tende a ser pautada por estereótipos.

No audiovisual, a tendência pela representação estereotipada do “outro” não é diferente. O sertão e a favela sempre foram o “outro” do Brasil moderno e positivista: lugar da miséria, do misticismo, dos deserdados, nãolugares e simultaneamente espécies de cartão-postal perverso, com suas reservas de “tipicidade” e “folclore”, onde tradição e invenção são extraídas da adversidade (BENTES, 2007). Territórios reais, porém arraigados por um imaginário preconceituoso.

Quando pensamos e falamos sobre favela, a caracterização é sempre feita pela ausência. A favela é a ausência. A ausência de água, luz, esgoto, coleta de lixo, pavimentação nas ruas, e pior, sem leis, moral ou ordem. Como ressalta Simone Rocha, a favela é o lugar da carência, do vazio e do perigo (apud BENTES, 2007). E ao representa-la, uma questão ética-estética se torna central:

A questão ética é: “como mostrar o sofrimento, como representar os territórios da pobreza, dos deserdados, dos excluídos, sem cair no folclore, no paternalismo ou num humanismo conformista e piegas? A questão estética é: como criar um novo modo de expressão, compreensão e representação dos fenômenos ligados aos territórios da pobreza, do sertão e da favela, dos seus personagens e dramas? Como levar esteticamente, o espectador “compreender” e experimentar a radicalidade da fome e dos efeitos da pobreza e da exclusão, dentro ou fora da América Latina? (BENTES, p. 244, 2007)
E para o cineasta Glauber Rocha, isso se torna possível através da estética da violência (BENTES, 2007). Onde se torna necessário violentar a percepção, os sentidos e o pensamento do espectador para destruir os clichês sobre a miséria: clichês sociológicos, políticos, comportamentais (BENTES, 2007). Já que o fascínio pelas favelas, sempre foi combinado com expressões de horror e repulsa, sentimentos contraditórios que o cinema nunca deixou de expressar.

A “pedagogia da violência” marcou alguns filmes do Cinema Novo, porém, no cinema contemporâneo, a violência e a miséria se tornam ponto de partida para uma situação de impotência, perplexidade, com as imagens das favelas, pensadas em um contexto de globalização e cultura de massas (BUCCI, 2002).

Porém, a estetização da violência encontra muitas críticas, como aponta Bucci:

Fala-se muito disso [da estetização da violência] e, em geral, fala-se num tom de condenação, como se a estetização da violência e a espetacularização da miséria [...] fossem apenas isso: desvios de conduta dos responsáveis pela mídia. Acontece que são mais do que isso. Elas constituem o modus operandi dominante da mídia. É por meio da estetização e da espetacularização, da violência e da miséria, que o show business funciona e fatura. Às vezes, os resultados até surpreendem: são proezas estéticas que podem servir como “alerta social”. É o que aconteceu com a boa série Cidade dos Homens, exibida pela Globo, que, no entanto, logo se diluiu no liquidificador geral da TV. [...]. Mas, enfim, não é porque “estetiza” ou “espetaculariza” isso ou aquilo que a televisão é boa ou ruim. A tendência de espetacularizar e estetizar – o poder, a dor, o assassínio e tudo o mais – é uma lei geral da indústria do entretenimento. Até aí, portanto, nada de novo. A nossa questão é outra. A nossa questão é que a mania de retratar a favela, o tráfico, o drama dos mais pobres, cada vez mais forte na TV, tem revelado menos a miséria da suposta realidade que se quer retratar e mais a miséria artística dos que a retratam. A espetacularização da miséria evidencia menos a angústia dos excluídos do que a carência estética dos que assinam os programas (BUCCI, 2002, online)

Paulo Lins, em Cidade de Deus traz o hiper-realismo à tona, sendo o suprassumo desse novo brutalismo, com cenas de violência, estupro e assassinatos, que, no filme, herda tons e narrativas similares à Scarface (Brian de Palma, 1984) e Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1995). Porém, com um caráter único na hora de representar um dos lados do emblemático quadro social do Brasil.

Bentes (2007) aponta que a favela é o cartão-postal às avessas, uma espécie de museu da miséria, etapa histórica, não-superada, do capitalismo. E é dentro desse emblemático cenário que a história dos traficantes Zé Pequeno (Leandro Firmino), Bené (Phellipe Haagensen), Mané Galinha (Seu Jorge) e Cenoura (Matheus Nachtergaele) é contada, a partir da narração em off de Buscapé (Alexandre Rodrigues).

Buscapé é uma das grandes diferenças no universo narrativo construído por Paulo Lins e Fernando Meirelles. No livro, o narrador é o autor, que distante, mostra a realidade da CDD, já no filme, Buscapé é o nosso narrador e nos coloca dentro da realidade de um lugar tão emblemático. Buscapé (Alexandre Rodrigues) é o negro sobrevivente, irmão de um ladrão morto por Dadinho (Leandro Firmino) ainda criança, e que através do sonho de ser fotógrafo, busca uma realidade diferente para si.

Porém, em contraponto a fuga de Buscapé (Alexandre Rodrigues), vemos Dadinho (Leandro Firmino), que, como mostra Bentes (2013), acredita que o “respeito” social será obtido pela violência e o crime, além de demonstrar o fascínio dos meninos das favelas por armas. Outro momento emblemático de Dadinho (Leandro Firmino) – que reforça a importância de ser temido para ser respeitado - é quando ele se relaciona com a mídia. O que fica nítido, é que o “ser alguém” é moldado a partir do temor que o mesmo passa através de suas fotos publicadas no jornal.

A relação de traficantes e a mídia pode ser observada sob a ótica do documentário Notícias de uma Guerra Particular, de João Salles, que só se tornou possível graças a relação de João e o traficante Marcinho VP. E sobre os jornalistas que acompanharam sua prisão, Marcinho VP disse:

“Eu sou um mito. Foi a imprensa que criou esse mito. Eu sou o monstro que vocês criaram.” (MARCINHO VP)
Ao retomarmos a análise de Bucci (2012) sobre a estetização da violência, o filme Cidade de Deus se torna ainda mais rico. Quando há a possibilidade de mais que um ator ser o autor da representação da sua realidade, o espetáculo se torna ainda maior. E é o que aconteceu pelas mãos de Fernando Meirelles, que ao invés de trabalhar com atores experientesbuscou dentro das favelas cariocas seus personagens. Fernando, não colocou os atores em cena, simplesmente, houve umaextensa preparação/teste de elenco. E após o filme, uma escola de atores foi formada, que posteriormente deu origem ao Nós do Cinema. As representações no filme são repletas de sinceridade, da insegurança misturada a grande impulsividade de Dadinho (Leandro Firmino), ao medo latente de ser alvo de um tiro de Buscapé (Alexandre Rodrigues).

E ainda em 2002, com parceira do Nós do Cinema e a O2 Filmes, a Rede Globo lançou a série Cidade dos Homens, que tinha o intuito de ser “anti” Cidade de Deus, ao mostrar o cotidiano das favelas, em uma espécie de crônica da vida privada de seus protagonistas, Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva).

Roteiro e Montagem

É impossível não falar do roteiro e montagem dessa grande obra do audiovisual brasileiro. No roteiro de Bráulio Mantovani, podemos observar quase um milagre, já que no livro, há mais de duzentos personagens, porém a adaptação para o cinema não soa em nenhum momento apressada ou arrastada. A fluidez do filme acontece por sua estrutura capitular – que nos leva de bandido a bandido, enquanto a história da comunidade é contada. Além de Buscapé, que com sua narração em off e sua presença nas telas, não permite uma quebra de ritmo no filme e ainda cria uma enorme unidade. Acontecimentos do início do filme impactam diretamente seu desfecho.

A montagem de Daniel Rezende caminha lado a lado com o roteiro, criando um dinamismo necessário para Cidade de Deus. São 130 minutos de filme, que em nenhum momento dão uma pausa ao telespectador, juntamente com o modo orgânico que cada transição é feita. A linearidade dentro dessa narrativa não-linear é essencial, quando observamos a evolução da história ao longo dos anos, ela vai e volta, nos fazendo trazer um olhar dedicado sobre determinados personagens. Flashbacks e elipses temporais são constantes e mais de uma vez um dos indivíduos retratados é deixado de lado, somente para ser abordado posteriormente. É nesse momento que a narração em off de Buscapé é essencial, pois nos dá vislumbres do que veremos depois, nos mantendo curiosos acerca do papel de cada peça nesse complexo tabuleiro.

Referências:

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BENTES, Ivana. Sertões e favelas no cinema contemporâneo: estética e cosmética da fome. In ALCEU, p.242-255, 2007. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/alceu_n15_bentes.pdf. Acesso em: 15 abr. 2018.

ROCHA, Simone Maria. Debate Público e Identidades Coletivas: a representação dos moradores de favela na produção cultural da televisão brasileira. In Intexto, n.14, 1-21. 2006.

DALCASTAGNÈ, Regina. A auto- representação de grupos marginalizados: tensões e estratégias na narrativa contemporânea. In Letras de Hoje, v. 42, n. 4, p.18-31, 2007.

HAMBURGUER, Esther. Violência e pobreza no cinema brasileiro recente. In Novos Estudos, n. 78, p.113-128. 2007

BUCCI. Eugênio. A miséria do espetáculo. Folha de S. Paulo , São Paulo, 1 dez. 2002. Seção crítica.

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